sábado, 17 de novembro de 2007

O país dos feriados: 20 de Novembro, dia da consciência negra

Sou uma das pessoas que podem, no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo, chamar um negro - ou uma mulher negra - de meu nego, minha nega. Não sei quantas podem falar assim, se são poucas ou muitas, mas eu posso. Tenho esse direito porque fui educado pra não ter preconceitos. Especialmente os relacionados à etnia das pessoas, ou à cor das pessoas. Já sabemos, como passa todo dia no Discovery Channel, que raças não existem.
Sou brasileiro do jeito como aprendi a me definir junto com os livros do Jorge Amado. É, li Capitães da Areia ainda adolescente, foi uma sensação. Depois, é claro, tem Tenda dos Milagres, que não me deixa mentir ou repõe esta conversa nos eixos. Vamos lá, cuidadosamente. Digo "cuidadosamente" e não "de modo políticamente correto"porque já passei da idade de ser politicamente correto e, saibam, nunca fui.
O que eu quero contar aqui, tendo em vista o próximo feriado, é o que me aconteceu anos atrás, mais de dez, sei lá.
Um amigo muito querido - nasceu preto e brasileiro, fazer o que - e eu fomos almoçar num domingo típico em Sampa. Estava com a mulher e a filha. Não os vejo há muito, separaram-se e a menina deve tar com vinte e poucos, pouco mais nova do que minha filhota que tá com 27. Todos pretos e eu de "moreninho", "pé na cozinha" ou "pardo". Estavamos tentando pegar um taxi na Rua São Joaquim, bairro da Liberdade. Passou um. Passou outro. Mais um. Não se enganem, caros leitores, faziamos os sinais de praxe: dedo indicador bem esticado, os outros comprimidos sob o dedão, braços balançando, sinal perfeitamente identificável de que queriamos tomar um taxi. E nada, nenhum taxi parava.
Dei uma de Sizenando: deixei-os mais pra trás, atravessei a rua e fui pra além da esquina. Assim que fiz o internacionalmente conhecido sinal com a mão, dedo em riste, o taxi parou. Chamei meus amigos e embarcamos no taxi. Demorou um pouquinho, eles tiveram que atravessar a rua etc. E fomos pro tal restaurante. Almoçamos em paz, estavamos bem, não deviamos nada a ninguém, amigos almoçam bem quando estão juntos, sejam quais forem os problemas. Lembro que o problema mais sério em discussão era a qualidade da versão pra tv de Grandes Sertões: Veredas, do Walter Avancini pra Rede Globo.
Então, espero que no dia 20 de novembro alguém se lembre de que o racismo é um pesadelo, que vai ser difícil nos livrarmos dele. Acho que nunca nos livraremos do racismo e também acho que feriado nenhum vai resolver isso. Só escrevi isso tudo pra dizer que odeio feriados.

10 comentários:

Sulista disse...

Viva Sizenando!
Tava a ver que nunca mais aparecia lá pelo bloguito! Que bom, gostei de tê-lo por lá! :-D

Olha, quanto ao seu post,
fiquei pasma...não sabia que no Brasil, terra de tds as misturas, havia racismo assim!!!...estou pasma!

Bom, aqui acho que há mt mais racismo mas não aconteceria isso do táxi :-/

Bjs********

Sizenando disse...

brigado por sempre voltar, sulista minha! beijos.
pois é, somos assim, nós, os mais cordiais entre todos os cordiais.

Anonymous disse...

tenho que confessar pai que estou felicissima que amanha por aqui eh feriado....

quem sabe assim consigo ir ao MOMA e escrever lhe uma carta ...

saudadess

Sizenando Alves Silveira disse...

boa! conte tudo que tiver visto, sabe que nao tenho lido jornais ultimamente, nem a newsletter do nyt. beijos.
aproveite o moma e como boa turista bem comportada veja se tem alguma camiseta ainda baratinha pra mim!!!!

GUGA ALAYON disse...

odiamos. E este foi um ano a ser odiado tamanho o número deles.
abç

Sizenando Alves Silveira disse...

lhaí, guga, brigado por aparecer.
logo mais eu também volto a aparecer por aaqui.

pois é, bem vindo ao clube dos odiadores de feriados. um abç

Eduardo P.L disse...

Me ponha nessa lista. Detesto feriados. Pior os que caem no meio da semana!
Agora, esses feitos por decreto, sem pé nem cabeça, nem comemoro!

Sizenando Alves Silveira disse...

brigado pela visita, eduardo.
logo mais eu tomém vorto.

ok, vc está no clube dos odiadores de feriados, nao importam as razoes. logo logo teremos sede campestre. um abç

Lengo D'Noronha disse...

Sizenando, muita saúde e alegria de viver é o que desejo ao amigo.
Abração.

Sizenando Alves Silveira disse...

grato pela visita, noronha.
abçs doismileoitais.