

Eu o conheci, não, não tive convivência íntima. Poucos contatos mas posso chamá-lo professor. Gostava muito de seu sotaque: cadência acaipirada, tom firme mas suave e volume constante. Muito afirmativo. Gostava dele.
Me tratou como aluno: ganhei dele dois livros, não sei o que eu estava fazendo na PUC, em São Paulo, encontrei-o na rua. Entramos numa livraria - ou era um sebo? - deu-me um livro de Antonio Candido e um dicionário de termos filosóficos. Sabia que eu precisava estudar e elegantemente entregou-os como presentes.
Outro presente importante que me deu: eu era colaborador do jornal VOZ DA UNIDADE, jornal semanal do PCB, anos oitenta já, acho que o único ilustrador ou cartunista, ao menos aqui em São Paulo, a assumir posição política com desenhos assinados. Fiz uma pequena ilustração, bonita mesmo. Pois foi Ianni quem, um ou dois dias depois da publicação, ligou pra mim na redação e elogio meu trabalho. Na redação nunca recebi elogios, não lembro de nenhum importante. Lembro de Octavio Ianni telefonando pra um rapaz de vinte e poucos anos pra dizer o quanto gostou do desenho, do achado visual, do arranjo dos traços num elogio detalhado, um elogio de verdade, comentado. Nunca vou esquecer disso.
Não estou aqui pra analisar a competência e agudeza do nosso sociólogo, a importância de seu trabalho acadêmico. Só pra dizer que sua coragem intelectual refletia-se no trato com as pessoas. Gostava muito de Octavio Ianni.